quinta-feira, 28 de maio de 2015

Pedido para criação de CPI da CBF é lido no plenário do Senado

 

Prazo para senadores retirarem ou incluírem assinaturas vai até meia-noite.
Criação da comissão exige ao menos 27 assinaturas; pedido tem 50.

O requerimento do senador Romário (PSB-RJ) para a criação de uma CPI com a finalidade de investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi lido em plenário na tarde desta quinta-feira (28) pelo senador Douglas Cintra (PTB-PE), que presidia a sessão. O pedido foi apresentado ao Senado nesta quarta (27), mesmo dia em que foi preso o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) José Maria Marin.
O requerimento para a criação da CPI recebeu as assinaturas de 50 senadores – o mínimo necessário para se criar uma comissão de inquérito é 27. Com a leitura do requerimento no plenário, os senadores têm até meia-noite para retirar ou incluir assinaturas de apoio ao pedido. Se, após esse prazo, restarem ao menos 27 assinaturas, a CPI é criada e, para ser instalada e entrar em funcionamento, dependerá da indicação pelos líderes partidários dos parlamentares que integrarão a comissão.
Há expectativa de que, até meia-noite, mais senadores assinem o requerimento. Inicialmente, o pedido de criação da CPI tinha o apoio de 53 senadores, mas, no momento da conferência das assinaturas, ficou constatado, segundo a assessoria de Romário, que somente 50 eram válidas porque dois parlamentares colocaram os nomes e não assinaram e outro assinou duas vezes.
A CPI terá sete membros titulares, sete suplentes e 180 dias para investigar possíveis irregularidades em contratos para a realização de partidas da seleção brasileira de futebol e de campeonatos organizados pela CBF, além da realização da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo de futebol de 2014.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que, nesta sexta-feira, pedirá aos líderes partidários a indicação dos nomes dos integrantes da CPI a fim de que os trabalhos possam se iniciar "imediatamente".
"Já mandamos ler, já mandamos ler, nós temos até meia-noite para retirar ou colocar assinaturas, o que não parece ser o caso porque essa Comissão Parlamentar de Inquérito, ela tem mais de 50 assinaturas. Então nós vamos já amanhã [sexta] pedir aos líderes partidários que, por favor, indiquem os nomes para que nós possamos começar imediatamente a investigação", afirmou.
O ex-presidente da CBF José Maria Marin e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos nesta quarta (27) pelo serviço de inteligência norte-americano (FBI) e pela polícia suíça em Zurique por suspeita de corrupção. Segundo a investigação, Marin teria recebido R$ 19,6 milhões em propina em um esquema de corrupção envolvendo a organização da Copa América. O dirigente também é apontado como destinatário de propina decorrente de contrato de uma competição nacional.

Duas linhas de apuração da investigação do FBI dizem respeito diretamente ao Brasil: suspeita de o superfaturamento do contrato da CBF com uma empresa de fornecimento de material esportivo e compra de direitos de transmissão por agências de marketing esportivo de Copa América Centenária, edições da Copa América, Libertadores da América e Copa do Brasil.
Além disso, o FBI investiga também suposto pagamento de propina dos organizadores das copas da Rússia, em 2018, e no Catar, em 2022, a dirigentes da Fifa, para garantir que os países fossem escolhidos como sedes.
Em discurso nesta quinta-feira no plenário do Senado, Romário afirmou que o nome do Brasil está vinculado a "tudo que há de pior" em termos de corrupção esportiva.
"O nome do Brasil está hoje ligado a tudo que há de pior em termos de corrupção esportiva, graças a um dos ratos que venho denunciando há muito tempo, a mesma pessoa que, ao lado da presidente Dilma Rousseff, recebeu chefes de Estado em plena Copa do Mundo de Futebol, José Maria Marin", disse o senador.
Para Romário, a  prisão de Marin é um momento oportuno para uma "devassa" na CBF. O senador se referiu à confederação como "Casa Bandida do Futebol".
"Esse tipo de negociata criminosa é um modus operandi dos dirigentes da CBF, e eles foram os responsáveis pela realização da Copa das Confederações e da Copa do Mundo, o que coloca sob suspeita os contratos realizados para estas competições também", declarou Romário.

 

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